terça-feira, 1 de agosto de 2017

Ensaio sobre ela

Ela não era abusiva. Não mesmo. Ela tinha um olhar tímido que me seguia. Ela me escrevia bilhetes.
Ela não era abusiva. Não vou mentir. Ela sorria para os meus amigos. Ela nunca discutiu comigo (exceto quando acabou).
Ela não era abusiva. Não da forma que imaginamos. Imagine! Nunca.
Ela não era abusiva. Não. Ela era feminista; enfrentou a professora no primeiro dia de aula na faculdade. Revolucionária.
Ela não era abusiva. Batia no peito, citava Frida, Beauvoir e outras feministas históricas pudesse lembrar.
Ela não era abusiva. Ela frequentou a marcha das vadias, protestou. Que orgulho!
Ela não era abusiva... ela era tóxica. Isso não vou negar.
Ela era tóxica. Vivia cercada daquela energia pesada de quem declama sua própria carta de suicídio.
Ela era tóxica e me chamou de abusiva. Me condenou em plena rede social por um único ato de amor próprio: terminar um relacionamento fadado ao fim desde o começo para cuidar da minha sanidade.
Ela era tóxica e convenceu os amigos de que eu era a abusiva.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Já de primeiro encontro tu disseste que eras furacão.
Eu, no entanto, só via a prévia calmaria.
Jamais imaginei que dali encontraria
A tempestade que me causaria tamanha destruição.

Palavras fortes foram lançadas como batalha naval.
Dos dois lados, o objetivo era naufragar a dor não dita.
Eu me calava e escondia, enquanto você chorava sempre aflita.
Por fim explodi aos socos uma raiva banal.

Afinal, quem eras tu para me juntar pelo braço?
Ora se não era a dita feminista
Por fim se mostrando toda agressiva.

Quantas navalhas percorreram meu braço?
Quantas vezes queres que eu insista?
Talvez até que eu chegue ao fim da linha.

Num poema de rima pobre quase sem rima, encerro a vida que aqui vivia.
Ora, quem sabe agora entendas um pouco sobre ser abusiva.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Ausência

Ainda hoje, quase 9 meses depois, ainda me pego pensando em ti. Esse espaço temporal que antes nos causava risos, hoje me traz lágrimas. Aqueles 9 meses me perguntando se você sentia algo por mim e que resultaram na minha maior alegria, hoje consistem em quase 9 meses me perguntando se você ainda sente ou se sequer chegou a sentir algo por mim, resultando em minha maior angústia. De minha parte sei que foi amor. Amor puro e genuíno. Amor que dediquei a ti, abdicando de mim. Foi amor e também apego. Foi um querer estar feliz fazendo-lhe feliz. Se foi esse meu erro, eu não sei. Se houve um erro, menos ainda. Só sei que tudo o que um dia eu senti, permanece aqui... 9 meses depois... permaneço esperando por ti.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Let it be...

E então os sentimentos voltam a mim
Como se eles jamais tivessem me deixado
Como se jamais eu tivesse sido tão apática.
Mas a dor e a tristeza já não machucam tanto mais.
Por ter conhecido o vazio, hoje a mágoa me faz sorrir
Hoje a chateação me faz rir.
Eu sinto. Eu vivo.
Eu vejo um reflexo cansado no espelho,
Mas ele me olha nos olhos e diz:
Let it be...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Estranha mente

Por tanto tempo busquei preencher
Esse espaço que há no peito
E estranhamento somente com você
Pude completar o que faltava.
E hoje não sei porque
- mesmo sem te conhecer -
Sinto tanto sua falta
Que dói não te ver
Ainda que de longe e
Ouvir sua voz
E saber que você ainda está por aqui.